
O belo Velódromo de Londres-2012 (Foto: Anthony Charlton/Getty Images)
Na terra de Oscar Niemeyer, uma das grandes questões em relação aos Jogos Olímpicos de 2016 tem a ver com a arquitetura das arenas: mais vale apostar no espetacular ou no prático e mais barato? “Dá para fazer as duas coisas”, garante o presidente da Autoridade Pública Olímpica, Márcio Fortes: “Todas as nossas arenas têm que ser funcionais, atendendo a todos os requisitos do Comitê Olímpico Internacional; têm que ser bonitas; e têm que ser espartanas nos custos. Esses três itens são fundamentais”.
A ideia é, a exemplo do que foi feito em Londres, apostar em duas arenas de tirar o fôlego, para se tornarem a cara dos Jogos. Na terra da rainha, o parque aquático e o velódromo foram os escolhidos. Chamavam a atenção pela beleza de sua arquitetura. Segundo Fortes, o Brasil tem que estar atento a um detalhe: “Duas têm que ser icônicas. Mas, em Londres, o velódromo ficava muito distante da entrada do Parque Olímpico, não era visto de lá. Então, só quem foi realmente a competições de ciclismo conseguiu conhecer, poucas pessoas viram”.
O ideal é que as duas arenas escolhidas estejam visíveis para todos. Como estavam o Cubo D’Água e o Ninho do Pássaro, em Pequim. Mas que não se espere algo tão espetacular quanto esses dois símbolos dos Jogos de 2008. “Lá é tudo diferente: orçamento, valor de mão de obra, tudo”, observa Fortes.
E aí entra uma questão complicada: orçamento. O Brasil ainda não definiu o seu. Acredita-se que ele será anunciado somente em março ou abril. Pouco mais de três anos antes dos Jogos. No orçamento da campanha da cidade pelo direito de sediar os Jogos, falou-se em 28,6 bilhões de reais – dados de 2008, que, atualizados, chegariam a cerca de 38,5 bilhões de reais em 2016. A conta inclui projetos para a cidade que já devem estar prontos para a Copa do Mundo, em 2014, como BRTs, aeroportos e obras de infraestrutura.
Segundo Márcio Fortes, os 28,6 bilhões são um número de referência, mas não é o orçamento real. E não ainda há um valor estipulado apenas para as arenas. Não foram definidas sequer quais serão permanentes e quais serão temporárias – apesar de haver um detalhamento a respeito disso no dossiê da candidatura do Rio. O prazo cada vez mais apertado aumenta o temor de que haja um estouro enorme, a exemplo do que aconteceu no Pan-Americano de 2007, orçado em 225 milhões de reais e que acabou custando 3,8 bilhões – e que ainda teve prédios da Vila do Pan construídos sobre terreno pantanoso. “Isso só aconteceu porque não havia o trabalho que estamos fazendo agora, de verificação de custos de produção, de peculiaridades do terreno e de análise de cada detalhe envolvido”, garante Fortes. É o que todos esperamos.
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