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Hora de abrir os olhos para os nadadores chineses

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Ye Shiwen em Londres-2012: fenômeno (Foto: Martin Bureau/AFP)

Ye Shiwen em Londres-2012: fenômeno (Foto: Martin Bureau/AFP)

O Brasil ganhou sua primeira medalha olímpica de natação em Helsinque-1952, com Tetsuo Okamoto, bronze nos 1.500 livres. De lá para cá, foram apenas treze medalhas em quinze edições dos Jogos. Em seus melhores momentos, o país leva à Olimpíada no máximo dois candidatos a uma medalha. Foram os casos de Atlanta-1996, quando Gustavo Borges foi prata nos 200 metros livre e bronze nos 100 metros livre enquanto Fernando Scherer levou o bronze nos 50 metros livre; e de Londres-2012, com a prata de Thiago Pereira nos 400 metros medley e o bronze de César Cielo nos 50 metros livre. O único ouro da história foi o de Cielo em Pequim-2008 – as outras medalhas foram quatro de prata e oito de bronze, nenhuma delas feminina.

Enquanto isso, o mundo anda de olho na evolução dos nadadores chineses. Os Estados Unidos mantêm a ponta quando o assunto é velocidade nas piscinas – tanto que, em Londres, a delegação americana garantiu nada menos que 31 medalhas, dezesseis delas de ouro. Mas as dez medalhas chinesas, cinco delas de ouro, impressionaram. E também causaram polêmica quando Ye Shiwen, de apenas 16 anos, bateu o recorde mundial dos 400 metros medley ao cravar 4min28s43. Não só pela idade e por ter tirado mais de um segundo do recorde anterior, da australiana Stephanie Rice, mas porque nos últimos 50 metros, a chinesa marcou 28.93, contra 29.10 do vencedor da prova masculina, o americano Ryan Lochte. Ou seja: Ye foi mais rápida do que Lochte na reta final, desencadeando suspeitas e rumores sobre um possível doping da jovem chinesa.

Os exames não acusaram nada. Ye rejeitou as acusações. Seu técnico particular, o australiano Ken Wood, também negou o doping em diversas entrevistas após os Jogos. Três vezes treinador da equipe olímpica australiana, hoje Wood prepara diversos nadadores de ponta de vários países. Entre eles, alguns chineses. E prefere se concentrar no futuro da natação.

“No momento, o governo chinês está oferecendo fundos ilimitados para o esporte chinês, com o único objetivo de ver a China surgindo como nação número um do mundo esportivo. A natação é um dos principais beneficiários deste financiamento. Esses fundos têm sido usados desde 2006 para enviar seus atletas de elite para treinar com técnicos estrangeiros, incluindo os de EUA e Austrália. Agora, com quatro anos para se preparar para os Jogos Olímpicos de 2016, a natação chinesa está em uma posição muito boa”, comenta o treinador.

Ele cita nomes como Sun Yang, nadador que ganhou dois ouros, uma prata e um bronze em Londres, e Jiao Liuyang, ouro nos 200 metros borboleta feminino, além da própria Ye Shiwen. “Os revezamentos são as provas em que os chineses ainda poderiam fazer um grande avanço”, acredita Wood, lembrando que há seis medalhas de ouro disponíveis nesse tipo de disputa. “Os países que têm mais qualidade e variedade de talentos podem descansar seus quatro nadadores principais nas eliminatórias da manhã. A enorme qualidade que se vê nas piscinas da China pode fazer uma grande diferença em quatro anos. Além disso, eles podem melhorar seu sistema de identificação de talentos e identificar e expor esses jovens valores para formação específica, o que também poderia dar frutos dentro de quatro anos”, prevê.

Wood comenta que instalações de treinamento estão sendo construídas em ritmo acelerado, e que os treinadores chineses, liderados por Yao Zhengjie e sua comissão técnica, têm analisado profundamente os programas que são utilizados pelos melhores treinadores de, por exemplo, EUA e Austrália. E conclui: “Não é uma questão de se a China vai se tornar líder mundial na natação. É uma questão de quando”.

Será que veremos a bandeira vermelha no topo já nos Jogos do Rio? É difícil. Seja como for, a briga entre Estados Unidos e China na água tem tudo para ser uma das principais atrações da primeira Olimpíada brasileira. Sem um projeto tão ambicioso quanto o dos chineses, ao Brasil resta torcer para que algum grande talento roube a cena, a exemplo de César Cielo em Pequim. Não faltará torcida para que mais nadadores da casa subam ao pódio. Mas se na China sobram candidatos a medalhas, por aqui as coisas ainda são muito diferentes.

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